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Mobilidade e Ubiquidade: análises e perspectivas


Oi gente, tudo bem por aqui?

Lembram que no post anterior eu falei que na semana seguinte iríamos trabalhar duas novas temáticas? Pois bem, esse dia chegou... Nervoso... Então pega o seu bloquinho de anotações, a caneca de café e se prepara pra gente dialogar bastante sobre UBIQUIDADE e MOBILIDADE.
Ah! Antes que eu me esqueça: o presentinho da semana vai para a Rutinéia, ela fechou 2019 e abriu 2020 literalmente. Com um PBL super elaborado, digno de 1.000 pontos na redação do Enem, a Rutinéia contou o caso da Júlia, que durante a sua formação acadêmica vivenciou vários aprendizados que envolviam usabilidade e aprendizagem com tecnologia móvel. Nesse sentido, a Rutinéia conta que quando Júlia assumiu uma turma de Pedagogia Licenciatura, planejou uma aula sobre mobilidade e ubiquidade, que repercutiu significativa no posicionamento dos discentes, que em sua maioria já lecionavam sob a ótica de um modelo que mais se aproximava da era de Gutemberg e a partir dessa percepção, que a turma de discentes do curso de Pedagogia teve, Júlia lançou uma reflexão sobre a dificuldade que a educação formal tem em lidar com recursos e desenvolver estratégias que se distanciem do tradicional. E foi esse o problema!

Seguindo...

Eu trouxe dois autores super gente boas, Pimentel (2017) e Santaella (2010), que dialogam a respeito de mobilidade e ubiquidade na educação, e outro autor, Merije (2012) que conheci na minha época de graduação, trazendo contribuições bastante significativas acerca da comunicação mobile e a educação para nos nortear no sentido mais conceitual do que seja ubiquidade e mobilidade (as referências estão no final do texto).
Vamos começar por um videozinho bem comercial (porque a Google não tá pagando “merchan” e monetização só paga bem no Youtube, né mores? - o que não é o caso, já que o propósito aqui é pedagógico!):


Viram o quanto mobilidade e ubiquidade estão relacionados? Conseguiu identificar de que forma a gente pode utilizar os dois conceitos como perspectiva de aprendizagem em um ambiente de formação colaborativa (amo essa palavra) ? Não é lindo? Então certamente o vídeo serviu para te dar uma dica de como e onde trabalhar os conceitos em unidade, o mesmo que propõe o trio de autores que utilizei para trabalhar o conteúdo junto com você!
Preparei um breve referencial teórico que bolei durante as minhas incursões literárias, só pra gente conceituar melhor os dois temas tá?... Mas antes, gostaria te agradecer por acessar o meu conteúdo, caso queira mais dicas de leitura ou dar sua opinião em relação ao conteúdo que trago no blog, deixa um “oi” nos coments que eu te respondo rapidinho [momento afetuoso].
De acordo com Pimentel (2017), mobilidade é um termo que se origina na sociologia e pode explicar o movimento de indivíduos em sociedades estratificadas, analisada a partir de parâmetros sociais diversos. Outro aspecto significativo é que o vocábulo mobilidade pode designar atividades humanas em detrimento as tecnologias digitais de informação e comunicação (TDIC), além de proporcionar a democratização do ensino, configurando-se como tendência pedagógica (PIMENTEL, 2017; BEHAR, 2019).
A mobilidade, enquanto perspectiva da educação, possibilita a aprendizagem ubíqua, que para Santaella (2010) precisa ser analisada a partir da relação entre os dispositivos tecnológicos e os processos educacionais. A autora classifica essa tendência pedagógica como uma aprendizagem acessível a todo momento, o que explica a convergência de mídias e processos educacionais em rompimento às barreiras tradicionais da cibercultura e da sociedade. Estando ainda a mobilidade associada com a internet, constitui-se uma fonte potencial e diversificada em acessar informações e conhecimentos por vontade própria (SANTAELLA, 2010).
Parafraseando o semiólogo Umberto Eco, posso dizer que em rede, nós passamos de Platão a salsicha em fração de segundos, o que explica a afetividade pela aprendizagem cognitiva, quando o nível de aprendizagem passa a ser mais significativo a partir do acesso à informação (FAPESP, 2001). Exemplo: você viu num comercial de tv a palavra “diversidade”, curioso sobre o seu significado, você buscou na internet uma googada sobre o assunto, você acabou por entender o significado da palavra e as ações sociais que envolve o uso do termo, dificilmente você irá esquecer! Isso é aprendizagem ubíqua e de forma rápida e fácil você teve acesso ao conhecimento que acessou.
Para Merije (2012), mobilidade dá ideia de transição, explica como a tecnologia avançou até se tornar artefatos móveis. Nesse sentido, acho interessante como os termos se misturam, dando ideia de MOVIMENTO, classificando mobilidade e ubiquidade como tendência semântica. É justamente essa necessidade que Merije (2012) e Santaella (2010) problematizam, pois no âmbito educacional ainda há um distanciamento das estratégias e recursos tecnológicos frente a educação formal.
Conseguinte, a reflexão de Júlia, trazida no caso da Rutinéia, fala sobre esse distanciamento, no entanto, penso que o uso criativo do smartphone, com os recursos disponíveis nele (MERIJE, 2012) e o acesso livre a informação em conhecimento acionável (SANTAELLA, 2010), possibilita uma gama de estratégias pedagógicas que se entrelaçam com o modelo gutenberguiano. Nesse movimento, Santaella (2010) traz considerações acerca das práticas de ubiquidade no sentido de facilitar a aprendizagem do sujeito em formação e não para substituir a aprendizagem precedente, pelo contrário, vai mais da necessidade de manter os resultados da aprendizagem, potencializando-a.
Acredito que o que Júlia queria passar para os seus alunos, era que, independentemente do método de ensino, as tecnologias móveis já fazem parte do nosso cotidiano e precisamos vivenciá-las em campo, desmistificando a ideia de substituição da educação formal e que a tecnologia, no seu mais variado formato, seja nossa arqui-inimiga.

Resumão...

Mobilidade pode ser entendida de duas formas, é uma tendência pedagógica que dá ideia de movimento e demarca a evolução da tecnologia móvel como potencialidade em acessar informações (conectividade), proporcionando inclusive a ubiquidade, em acessar fonte de conhecimento acionável afim de adquirir aprendizagem (interconectividade).
Com isso chegamos ao nosso objetivo, que foi apresentar alguns conceitos importantes e talvez difíceis de aprender de forma superficial, espero ter o seu feedback e que assim como eu você tenha compreendido a tipologia dos termos ubiquidade e mobilidade. Ah! E apesar do problema ser iniciado em 2019, acredito que não prejudicou a postagem de hoje, como também expliquei no post anterior: eu aproveito as férias para ser dedicação exclusiva em casa, na UFAL eu já sou dedicação exclusiva em mais de 200 dias do ano... Risos...

Até semana que vem, gente!

REFERÊNCIAS

[Livro] MERIJE, Wagner. Mobimento: educação e comunicação mobile. São Paulo: Peirópolis, 2012
[Livro] PIMENTEL, F. A aprendizagem das crianças na cultura digital. 2ª ed. rev. e amp. Maceió: Edufal, 2017. 
[Artigo] SANTAELLA, L. A aprendizagem ubíqua substitui a educação formal? Revista de Computação e Tecnologia da PUC-SP, v 2, n.1, out. 2010. Disponível em: <http://revistas.pucsp.br/ReCET/issue/view/223/showToc>. Acesso em 20 jan. 2020.
[Matéria] SANTAELLA, L. Navegando entre Platão e salsichas. Revista da Fapesp, edição. 28, 2001.

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