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ESPAÇOS HÍBRIDOS, MODAIS, PERVASIVOS E UBÍQUOS: perspectivas do tempo-espaço escolar

Fonte: https://www.stitcher.com/podcast/anchor-podcasts/sala-de-aula-invertida

Na esperança de que a rodada seja decidida aos 45 do segundo tempo, saúdo a todos com um leve bom dia!
Desculpe-me a demora em postar novos dados, acontece que eu resolvi seguir o conselho de Sara e Ísis e descansar algumas horinhas para acompanhar as coisas no segundo tempo. Vale ressaltar que nem só de likes vive uma pessoa, antes alguns transtornos pessoais precisam ser resolvidos... É época da dissertação, da inserção do projeto na Plataforma Brasil e uma série de outras coisas que vão linkando a nossa vida pessoal a nossa vida acadêmica, nos obrigando a fazer escolhas.
            Saindo do escanteio, hoje vamos dialogar sobre ESPAÇOS HÍBRIDOS, MULTIMODAIS, PERVASIVOS E UBÍQUOS e eu gostaria de começar com um breve relato a partir do áudio que recebi de Ísis, que me ajudou a filtrar esses conceitos e a dinamizar as minhas leituras. Logo, espaços híbridos e multimodais são a mistura do virtual e do presencial, no qual os sujeitos podem aprender de várias formas (SCHLEMMER, 2018), já os espaços pervasivos e ubíquos são espaços destinados a aprendizagem autônoma por meio de conhecimento acionável, no qual o sujeito pode aprender de qualquer lugar, escolhendo o que acessar (BERSCH e SHLEMMER, 2018).
            Conforme as autoras supracitadas, esses espaços são correlatos em promover a aprendizagem por meio de recursos manuais ou digitais, além de potencializar a construção de práticas pedagógicas agregadoras e reticulares, imbricando a mudança de paradigmas para a educação escolar. Tal perspectiva caracteriza a resolutiva do caso da Rosa, apresentado por Douglas e Ísis, na semana passada:

“Rosa é uma pedagoga que possui uma longa experiência, desde a educação básica até o nível superior. Durante seu mestrado, a professora Rosa teve a oportunidade de pesquisar sobre Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) com foco nas interações ocorridas em um Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA).
Logo após concluir o mestrado, Rosa foi nomeada, por meio de concurso público, para o cargo de professora do Centro de Educação da Universidade do Mato Grosso do Sul (CEU/MS), ministrando aulas no curso de graduação em Pedagogia.
Enquanto professora de nível superior, Rosa propôs para sua turma uma metodologia em suas aulas que prioriza o uso de qualquer espaço para se aprender, inclusive os espaços virtuais. Mas os alunos não conseguiram entender essa metodologia e Rosa foi bastante criticada, inclusive por seus colegas de trabalho, que defendem que o professor só deve dar aula na sala de aula.
Durante uma reunião de professores Rosa explicou que, assim como os alunos, estamos todos inseridos em espaços híbridos, multimodais, pervasivos e ubíquos e que o processo de aprendizagem deve caminhar em paralelo com essa realidade. Como muitos colegas não entenderam a fala de Rosa, ela sugeriu realizar uma capacitação com os docentes sobre a temática, mas ainda não sabe de que forma vai envolver os professores e fazê-los compreender tais espaços e como pode utilizar essa experiência na construção de conhecimento.”


            A partir das leituras de Shlemmer (2014), Bersch e Shlemmer (2018) e Shlemmer (2018) é possível identificar a quebra de paradigmas sociais, que de alguma forma refletem na vida escolar de sujeitos oriundos dessa nova era (a digital), num dos textos de Shlemmer a autora dialoga a respeito de projetos interventivos nas áreas urbanas, utilizando a gamificação para elaborar cartografias da cidade e assim criar espaços de convivência, entre a cidade, as escolas e a universidade. Essa seria uma prática de metodologia ativa, que Rosa poderia apresentar para seus colegas e estudantes.
            Em Bersch e Shlemmer (2018), também se identifica a crescente usabilidade de tecnologias digitais a partir do contexto cultural dos usuários de tecnologia, que segundo Bersch e Shlemmer (2018) apud Pozo (2002), possibilita a modificação da aprendizagem dos usuários que podem armazenar, comunicar, acessar e trabalhar com a informação a partir da convivência com outras pessoas em espaços presenciais e virtuais, a exemplo dos espaços híbridos, pervasivos, modais e ubíquos.
             Para as autoras a aprendizagem se dá em qualquer espaço, pois parte do interesse do sujeito em aprender, muitas vezes acreditamos que o conhecimento pode ser testado por meio de provas, simulados e outros mecanismos de seleção, mas estes não são capazes de identificar o pertencimento da informação, ou seja, a capacidade do sujeito armazenar conhecimentos, aprimorá-los e por fim compartilhá-los. Logo o espaço de aprendizagem, devido a cibercultura, não é somente o espaço escolar, tanto que é possível identificar nas leituras que as autoras não fazem acepção de teorias prevalecentes, mas no aprimoramento dessas em prol de uma aprendizagem autônoma e mais próxima do sujeito.
Confesso que o tema é um tanto difícil, porque ela causa a nossa desconstrução enquanto docentes e estudantes oriundos de um modelo de aprendizagem tradicional. Por outro lado, a partir dos textos acessados, vejo que as propostas de Rosa não são um bicho de sete cabeças, as escolas, as universidades e profissionais da educação num contexto geral, precisam oportunizar as tentativas de melhorar a aprendizagem de seus alunos e compreender que a tecnologia pode ser uma grande aliada de seu trabalho docente. Que todos tenhamos a disponibilidade e a gentileza de Rosa, nos propondo a partilhar o que conhecemos com outros interessados em aprender mais do que já sabem.



REFERÊNCIAS

[Artigo] BERSCH, Maria Elisabete; SCHLEMMER, Eliane. Formação Continuada em contexto híbrido e multimodal: ressignificando práticas pedagógicas por meio de projetos de aprendizagem gamificados. Revista Tempos e Espaços em Educação, v. 11, n. 01, p. 71-92, 2018. Disponível em: < https://seer.ufs.br/index.php/revtee/article/view/9719>. Acesso em 10 de fev. 2020.

[Artigo] SCHLEMMER, Eliane. Gamificação em espaços de convivência híbridos e multimodais: design e cognição em discussão. Revista da FAEEBA-Educação e Contemporaneidade, v. 23, n. 42, 2014. Disponível em: < http://www.revistas.uneb.br/index.php/faeeba/article/view/1029>. Acesso em de 11 fev. 2020.

[Artigo] SCHLEMMER, Eliane. Projetos de aprendizagem gamificados: uma metodologia inventiva para a educação na cultura híbrida e multimodal. Momento-Diálogos em Educação, v. 27, n. 1, p. 42-69, 2018. Disponível em: < https://periodicos.furg.br/momento/article/view/7801> Acesso em 11 de fev. 2020.


Comentários

  1. Oi Júlio!!! Muito legal seu texto e a forma como você trouxe os conceitos correlacionados com o problema da Rosa. Obrigada pela sua colaboração!!

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    1. Obrigado Ísis, é muito bom quando temos um feedback positivo das nossas atividades. Beijão!

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